A situação da indústria do aço no Brasil é difícil e as expectativas econômicas para o segmento não são boas até o final do ano, segundo o CEO da ArcelorMittal para a América Latina, Jefferson De Paula, que palestrou na reunião-almoço da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS), no Plaza São Rafael Hotel e Centro de Eventos, em Porto Alegre. “O Brasil cresceu apenas 1% no consumo de aço e, nos últimos dez anos, o aumento foi 1,5%, o que é muito baixo”, explicou. As razões para a crise no setor incluem câmbio pouco competitivo e custo Brasil. “O câmbio está cerca de 20% sobrevalorizado. Já na Turquia, por exemplo, é 30% desvalorizado, o que dificulta a concorrência”, ressaltou. O valor da energia, do transporte e dos impostos no país também foram lembrados por Paula como fatores que emperram o crescimento. “Apesar da queda, o preço da energia no Brasil é o maior do mundo. O transporte é 60% mais caro do que nos Estados Unidos e os impostos 15% mais elevados”, destacou. Conforme o executivo, é difícil imprimir preços competitivos para garantir mercado interno e externo com todos os encargos que os empresários precisam pagar no Brasil. O país importa 6 milhões de toneladas de aço em equipamentos e mais 3,5 milhões de toneladas do material bruto. Para ele, as associações regionais são canais muito importantes de troca de ideais. As alternativas adotadas pela ArcellorMittal incluem investimentos pesados em equipamentos, gestão de funcionários e inovação nos serviços. A empresa é uma das líderes no mercado. O vice-presidente da AARS, Adelar Santarem, disse que as reuniões promovidas pela entidade têm sido produtivas, pois dão força às reivindicações do setor. “O que temos no Brasil é um problema estrutural de baixa produtividade. A carga tributária é uma das maiores do mundo e inviabiliza a concorrência com o exterior”, observou. Ele declarou que as empresas precisam fazer adequações para conseguir contornar o problema.