Conhecer museus é um dos hábitos culturais mais triviais das pessoas que viajam em busca de experiências e vivências, mundo afora. Contudo, você já se perguntou qual a motivação que nos leva a investir nessas visitas? Penso a respeito sobre em busca de quais atratividades estamos ao procurar esses lugares?
Podemos afirmar que os museus são pontes entre dois mundos: o mundo passado e o presente. Na mitologia grega os museus foram organizados para receberem oferendas aos cuidados das filhas de Zeus e Mnemósine, Deusa da Memória. A união gerou nove musas dedicadas à poesia, história, amor, música, tragédia, comédia, dança, astronomia e conhecimento, que viviam nesse templo, o museion. O mito se perpetua, de tal modo que podemos entender a multiplicidade de tipologias e funções que essa Instituição, hoje chamada museu, pode assumir.
A compilação de temas variados num só espaço físico foi designada para o ambiente que agrupa artefatos atemporais, espécimes da natureza e obras de arte chamadas coleções, podendo ser materiais ou imateriais, pertencentes a indivíduos ou grupos que se responsabilizam em reunir, selecionar, classificar, conservar, pesquisar, difundir, e comunicar para públicos diversos, a trajetória histórica, social e cultural do mundo ocidental.
Assim, a ideia de que os museus carregam “coisas velhas” não é todo equivocada se pensarmos que, esses objetos, de fato, instaurados nos museus, perderam sua função de uso para receberem atributos simbólicos que nos fazem refletir, observar, analisar e sentir as permanências e as mudanças do nosso tempo presente. O museu é, portanto, um espaço educativo socialmente, cujos artefatos, espécies ou obras, abrem janelas sobre como representamos nossas identidades e ações no mundo. Visitar esses lugares serve para ressignificar memórias e histórias, para pensarmos nas aproximações e afastamentos dos grupos humanos que coabitam o planeta, em acerto e erros que cometidos em nome de ideais que permanecem ou sucumbem no tempo presente.
Conhecer um museu é um hábito social que permite confrontarmos que somos, porque nos diferenciamos desta ou daquela cultura, de outras classes, etnias, indivíduos ou grupos, em seus cotidianos. O museu gera aproximação das coisas com o tempo, e a relação delas com os outros e as próprias coisas.
Desse modo, o museu liga, cria laços de pertencimento e escreve uma representação narrativa da realidade do que já foi, e do que hoje é, acompanhando o desenvolvimento humano em suas melhores e piores facetas. Vale a pena visitar museus e cruzar as pontes que nos fazem ver nossos limites. Esse é o ensinamento dos museus em seus velhos
objetos que demonstram a nossa dinâmica da vida.
-Andréa Reis da Silveira – PHD História e Museologia, Registro profissional nº 142-I 5ªRM
Historiadora e museóloga com registro profissional nº 142 – I/5ª RM. Especialista em Museologia e
Patrimônio Cultural; Mestre em Patrimônio Cultural; Doutora em História com Pós Doutorado pela
Universidade de Salamanca, Espanha; e pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.
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