O Carnaval de Rua da capital gaúcha é aberto pelo Bloco da Laje
O Bloco da Laje já começou a agitar o Carnaval de Porto Alegre de 2020. Foi a nona saída de um dos coletivos musicais mais amados da Capital, que esperam ansiosamente pelo seu cortejo carnavalesco todos os anos e acompanham cada ensaio realizado no Recanto Africano do Parque da Redenção. O evento da Laje, realizado no dia 26, está se consolidando como um marco da retomada do carnaval de rua de Porto Alegre, com espírito mais alegre, solto e engajado.
Com composições próprias, as letras valorizam a cultura negra, discutem o uso da religião como ferramenta de controle social e fazem uma ode à rua, à coletividade e ao encontro entre todas as pessoas. Combinadas com arranjos executados por uma bateria de enorme qualidade e com performances marcantes dos intérpretes e “brincantes”, o Bloco da Laje resgata o verdadeiro sentido do Carnaval: uma festa em que só se quer brincar, pular, dançar e achar-se na multidão.
Durante o cortejo foram executadas 26 músicas. Além das mais novas, “O que tu tem cidadão?” e “Recanto Africano”, que inclusive compõem o álbum audiovisual “As Quatro Estações” lançado recentemente com financiamento da Natura Musical, as já conhecidas “Cosme e Damião”, “Lá Vem Gente” e “Pregadão” foram algumas das que mais animaram a multidão que pulava no percurso de cerca de 500 metros até a Praça Isabel.
A saída oficial do Bloco da Laje parte agora para o seu décimo ano. Aquilo que no começo contava apenas com um aparelho de som em um fusca que percorria as ruas do Centro Histórico, caiu de vez no gosto da população de Porto Alegre e até de outras cidades gaúchas presentes, como Esteio, Pelotas, Santa Maria, e de outros estados. Hoje, o trabalho de vanguarda dos cerca de 150 integrantes responsáveis por botar o bloco na rua colhe os frutos e consegue mobilizar apoiadores para o custeio de um trio elétrico, segurança e estrutura de banheiros públicos – tudo independente.
Um dos organizadores e intérprete Juliano Barros, o MC Dionísio, destaca que o Bloco da Laje busca ser, mais do que tudo, um espaço de cuidado e de afeto. “Nós somos homens, mulheres, pais, mães, e queremos que todas e todos possam viver com alegria. Por isso, agora queremos questionar: que anos 20 serão esses?”, disse Barros.
O também intérprete Thiago Pirajira complementa que o bloco se propõe a imaginar um outro lugar de saúde, no sentido mais amplo da palavra a fim de refletir sobre a saúde dos corpos, a saúde mental, a saúde da cidade e do convívio. “O Bloco da Laje é o cortejo da liberdade”, sintetiza Pirajira.
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