A agenda de desafios do empresariado é mais do que extensa, na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Heitor Müller. Durante palestra, ontem, para a Câmara Brasil-Alemanha, no Plaza São Rafael Hotel e Centro de Eventos, em Porto Alegre, Müller mostrou-se temeroso com o avanço de problemas antigos e das novas dificuldades do mercado que preocupam a entidade, embora o governo esteja até agora mantendo sob controle os impactos da crise mundial no Brasil.
Na economia doméstica, a preocupação é com a redução da jornada de trabalho, um dos temas que vem sendo acompanhado de perto pela Fiergs. Müller disse que insistir nesta proposta é o mesmo que travar a economia, porque o país ficará mais vulnerável diante de produtos baratos que vêm de outros continentes, como a Ásia. Quanto ao aumento do aviso prévio de 30 para até 90 dias, se mostrou insatisfeito alegando que o alteração vai encarecer a produção nacional e favorecer, mais uma vez, países que invadem o mercado brasileiro com produtos de baixo valor. Não passa pela aceitabilidade da Fiergs que a decisão seja retroativa. Para o presidente, ela valerá a partir de agora. “Seria inimaginável retroagir para as empresas, devido aos custos disso”, afirmou. Müller ressalta que já existe indenização proporcional por tempo de serviço através do Fundo de Garantia por tempo de Serviço (FGTS) e que, tal medida, além de tirar a competitividade do produto brasileiro, também estimula a informalidade.
Mas o presidente é um eterno otimista, disse que nem tudo está perdido. “Perdemos de um lado, mas ganhamos do outro”, salientou, ao acrescentar que o país avançou em alguns aspectos e está fazendo o dever de casa para conter os impactos da crise. As dificuldades enfrentadas pelo empresariado voltam à pauta. O presidente mostrou-se preocupado com o piso salarial gaúcho, considerado elevado e que ameaça contaminar as negociações sindicais. Diante desse cenário, o empresariado terá muito trabalho pela frente para se manter ativo no mercado.